Quem abriu o último dia da SPFW N57 foi Gloria Coelho, que comemora 50 anos de carreira em 2024. Devido ao aniversário, é tentador interpretar as autorreferências da coleção como um vale a pena ver de novo ou retrospectiva. Acontece que Gloria Coelho, pessoa física e jurídica, não funciona linearmente.
Suas inspirações são muitas, variadas, às vezes até antagônicas. As mais recentes são o que ela mais ama dos anos 1950, 60, 70, 80, 90 e 2000, crochê, roupa de balé, baby doll, hippie, patchwork, moda francesa e japonesa, Kate Moss, armaduras, op art e pokémons.
Quem acompanha seu trabalho sabe que alguns dos temas acima já apareceram em estações anteriores. Faz parte de uma construção de estilo e identidade consistente, contínua. Trata-se de um método de observação e criação que absorve de um tudo, filtra, organiza, sintoniza e pessoaliza. O resultado são roupas substanciais – e, no caso, com excelência técnica e material.
Gloria Coelho, SPFW N57. Foto: Agência Fotosite/Ze Takahashi
Gloria Coelho, SPFW N57. Foto: Agência Fotosite/Ze Takahashi
Leia mais: SPFW N57: Maurício Duarte
O desfile desta SPFW N57, começa com a moda festa. Vestidos alongados com rico trabalho de texturas e bordados, de pequenas tiras de couro a bordados de crepe e seda em formato de flores sobre bases de tule até uma versão de crochê desfiado/franjado.
Gloria Coelho, SPFW N57. Foto: Agência Fotosite/Ze Takahashi
Gloria Coelho, SPFW N57. Foto: Agência Fotosite/Ze Takahashi
Na sequência, entram looks inspirados na alfaiataria – e a de Gloria Coelho é excepcional. Aqui, ela disseca, literalmente, o blazer ao aplicar sua extremidade inferior sobre calças ou transformá-la em saia. Algumas peças apresentam zíperes, possivelmente para que a pessoa possa adaptar a jaqueta como bem entender – funcionalidade e utilitarismo são outras duas qualidades essenciais à etiqueta.
Gloria Coelho, SPFW N57. Foto: Agência Fotosite/Ze Takahashi
Gloria Coelho, SPFW N57. Foto: Agência Fotosite/Ze Takahashi
Tops em formatos de tiras, telas e capuzes são integrados às produções ou às próprias peças – seja um paletó, seja um vestido longo com trabalhos de tiras (outra assinatura). Elementos esportivos se misturam ao terno desconstruído (ou não), com destaque para o underwear larguinho que aparece por debaixo do cós. Metalizados também marcam presença, afinal futurismo e tecnologia são obsessões da designer. E, por fim, sua nova linha de beachwear – tudo na mesma linguagem.
Gloria Coelho, SPFW N57. Foto: Agência Fotosite/Ze Takahashi